SANTO ANTONIO DE LISBOA
Saíra Santo Antonio de um Convento,
A dar o seu passeio costumado;
E a decorar num tom rezado e lento.
Um cândido sermão sobre o pecado...
E andando, andando sempre repetia,
O mesmo sermão piedoso e brando;
Sem notar que a tarde esmorecia,
E que vinha a noite plácida baixando...
Uma bica d’água murmurando,
Juntava seus murmúrios aos Pinhais;
Os rouxinóis ouviam-se distante,
O luar mais alto iluminava mais...
De braços dados para a fonte vinha,
Um par de noivos, todo satisfeito;
Ele trazia no ombro a cantarinha,
Ela trazia o coração no peito !
Um luar, um luar claríssimo desceu,
E num raio desta mesma claridade;
O MENINO JESUS, baixou dos céus,
E pôs-se a brincar com o capuz do frade...
E sem suspeitarem de alguém que os visse,
Trocaram beijos ao luar tranqüilo;
O Menino porem ouviu e disse:
- Oh! Frei Antonio, que foi aquilo ?
O Santo, erguendo a manga do burel,
Pra tapar o noivo e a namorada;
Mentiu numa voz doce como mel:
-Não sei que fosse, eu cá não vi nada !...
Uma risada límpida e sonora,
Vibrou de oiros em notas no caminho;
- Ouviste, Frei Antonio, ouviste agora ?
- Ouvi Senhor, foi um passarinho!...
Tu não estas com a cabeça boa
Um passarinho a cantar assim ?...
E o pobre Santo Antonio de Lisboa
Calou-se embaraçado, mas por fim,
Corado como as vestes dos Cardeais,
Teve esta saída redentora:
-Se o Menino Jesus perguntar mais,
Eu me queixo à sua Mãe NOSSA SENHORA!...
(Autor Desconhecido)
terça-feira, 29 de setembro de 2009
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