OS MARIAS-FUMAÇA
Quem não conhece, admira e tem saudades das charmosas Marias-Fumaça ? Pena que estão escassas em nossas estradas de ferro que, antes cortavam quase
todo este nosso Brasil, principalmente no sul e na nossa região sudeste.
Quantas e quantas vezes viajei numa delas, de minha cidade até a algumas próximas, sentindo aquele cheirinho de lenha queimada e depois do carvão próprio para sua movimentação e não raro vinha pelo ar aquela brasinha que queimava nossas camisas e calças pois viajávamos com a janela aberta para sentirmos o ar fresco e ver melhor a magnífica paisagem.
Tempo bom! Tempo saudoso que será difícil voltar novamente, pois hoje temos as locomotivas à diesel e não mais as valentes à vapor com seus finos apitos:- piuí...piuí..., tão bonitos e conhecidos.
Em nossa região, parece que só temos uma em funcionamento, entre São João Del Rei e Tiradentes, numa distancia de apenas 12 kilometros.
Elas se compunham da maquina à vapor, um vagão que carregava a lenha ou o carvão e arrastava um carro primeira classe para passageiros e outro, segunda classe, com a passagem quase a metade do preço do primeiro...no de primeira classe, tínhamos as poltronas almofadadas e os bancos eram reversíveis caso o passageiro quisesse conversar com o outro e no caso da segunda classe os bancos eram de madeiras e duros mas, todos os carros simpáticos e formosos; quando eram de passageiros apenas, eram chamados “expressos”, quando atraz dos carros de passageiros ainda arrastavam vagões de carga, eram chamados de “mistos”, mas de uma graça sem par.
E o trajeto de uma Maria- Fumaça ? Saia de uma estação com seu vagão cheio de “combustível” e era obrigada a seguir o caminho de ferro que lhe dá a direção, parava de quando em vez no meio do caminho ou na próxima estação para abastecer a caldeira com água, necessária com o fogo, para produzir o vapor que gerava a propulsão e nas estações deixar e recolher os “ guapos” passageiros, que altivos, embarcavam e desembarcavam altaneiramente.
Mas prestemos atenção num detalhe interessantíssimo, ela seguia o mesmo trajeto, as mesmas estações, as paradas sempre nos lugares determinados e numa velocidade média com chuva ou com sol, apitando nas travessias e curvas previamente determinadas e tendo como expectadores os trabalhadores rurais que paravam a capina para ver a linda Maria-Fumaça..., as donas de casa que moravam próximo a via férrea, interrompendo a feitura do almoço ou a lavagem de roupa para ver no céu aquele caminho de fumaça que para traz a “bichona” deixava. Era uma festa, um cotidiano e comum, mas um acontecimento digno de se ver diuturnamente.
Poderemos então, fazer uma analogia da Maria-Fumaça com pessoas, especificamente como o titulo que nomeamos “Os Marias-Fumaça” ? Posso estar até errado, sendo petulante ou metido a perfeito, mas eu achei a analogia interessante, vejamos.
Primeiramente, quem vos escreve é uma das pessoas mais defeituosas que eu mesmo conheço e classifico, com uma vantagem que, está procurando corrigir defeitos e se melhorar.
Uma das coisas e ações que mais agrada a Deus nosso Pai, é a Caridade e o Amor ao próximo e temos noticias de pessoas completamente desprovidas de recursos financeiros. que procuram entidades caritativas, oferecendo seu trabalho para ajudar no que for (lavando banheiros de ancianatos, orfanatos, ajudando na cozinha, lavando roupas dos internos e outros serviços quaisquer) outros, não podendo fazer isso, vão visitar asilos, hospitais, consolando doentes e falando da esperança que um dia poderá vir, ainda nada disso podendo fazer, simplesmente oram em favor do próximo seja por uma doença acometida, por um desespero ou um óbito, consolando o espírito do falecido e dos que ficaram na viuvez ou na orfandade.
Vemos também, pessoas bem de vida, possuindo imóveis, dinheiro guardado pelo trabalho ou por herança, enfim, tendo o bastante para viver e para supérfluos se quiserem. Têm aquela vidinha que levantando sempre na mesma hora, tomam seu suculento café da manhã, vestem aquela roupa sem um amarrotado, geralmente de quando em vez, almoçam num mesmo restaurante de renome, desviam de mendigos, não freqüentam ou não passam em lugares que podem aborrece-los, enfim nada fazem o que poderia ofuscar sua visão do melhor; nunca, ou pouco oferecem uma esmola, raramente contribuem com alguma entidade, simplesmente vivendo a “sua” vida junto aos seus e sem mais ninguém; toda cidade possui este tipo de pessoa, mas convenhamos que a nossa querida e amada Juiz de Fora é pródiga destes cidadãos; trazem na bagagem nomes centenários, tradicionais e que importantes foram para a cidade pois, os antepassados fizeram alem da caridade, uma contribuição desenvolta para o progresso desta cidade e região.
Mas o que houve com esses herdeiros ? Hoje já cidadãos com idade madura ou avançada, mas ainda com toda saúde que poderiam fazer “alguma coisa” em beneficio do próximo e o pior, não se misturam com classes menos favorecidas à exemplo das “castas indianas”.
Então está aí a analogia...saem de casa como a Maria Fumaça, param em determinado lugar ou grupinho, tomam seu café ou água em algum lugar refinado, encontram com amigos também ditos refinados, vão para o seu lauto almoço, vêm sua televisão de boa qualidade, talvez uma sesta, o passeio pela Halfeld a tarde, o café novamente, o jantar, a TV e a macia cama para o descanso merecido; a Maria-Fumaça faz isso também..., todo santo dia, só que ela carrega beleza, ajuda aos passageiros, mostra e dá alegrias a quem a vê...e Os Marias-Fumaça ?, AH !...deixa pra lá ...
DEGAS d.c. em 10-Agosto-2009
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
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