segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Flor de Lis
Nos arredores da cidade do Recife em Pernambuco, nordeste do Brasil, Sr. Antônio, pai de cinco filhos, preparava para deixar a palafita onde morava com sua esposa Dalva, para dirigir-se a pé, ao centro da cidade, depois de sorver um ralo café adoçado com rapadura sem nenhum acompanhamento, vez que os pães duros que tinha para aquela manhã, eram divididos com os filhos, todos menores sendo mais velha a Lis.
Sr. Antônio era descendente de holandeses, como também dona Dalva, tinham a pele clara e olhos azulados, educação polida e apesar da condição humilde, receberam de seus pais, firme educação de berço e escolar.
Ele, naquela manhã, como em todos dias, procuraria residências, prédios e outros locais, onde existisse um jardim para cuidar, pois como todo holandês ou descedente, era eximio cultivador de flores e jardins. O trabalho era escasso e o pouco que conseguia ganhar, mal dava para alimentação, vestuário, remédios e outras despesas.
D. Dalva, sua mulher, cuidava das crianças e lavava roupas para familias de classe média, buscando as trouxas, lavando passando e devolvendo-as limpas e capichosamente arrumadas.
A pequena Lis, além de cuidar dos irmãos menores, ajudava D. Dalva na lida com as roupas, correndo para lá e para cá, pois às 13:00 horas teria que estar na escola do bairro para cursar a 3" série do ensino primário, no seu uniforme surrado, mas limpo e passado, apesar de alguns remendos bem feitos porela mesma.
Lis, fazia seus deveres escolares à noite, sob a luz buxuleante de uma pequena lamparina a querozene, após fazer os quatro maninhos menores dormir, depois de um parco lanche era ela quem os acudia na noite, quando alguns deles choramingavam e queria água ou ir lá fora.
A menina-varoa aos 9 anos, tinha uma vida dura e trabalhosa como se fora uma moça feita de 18 anos, arrimo de família. Sua pele clara, seus olhos vivos e doces, seu pequeno corpinho e sua simpatia mais a comunicabilidade contagiantes, faziam dela uma perfeita flor no meio do pàntano, reluzindo e espargindo uma beleza fundamentalmente espiritual.
Mesmo com seus dias duros e trabalhosos. Lis não tirava do seu belo rosto, aquele sorriso simpático e cativante, onde os seus "bons dias" eram recebidos com agrado pelos idosos e adultos, onde passava.
Em Lis, o que mais cativava era o espirito de ajuda que ela emprestava a todos, seja ao ajudar uma pessoa a atravessar ruas, seja no auxilio em carregar coisas para outros ou qualquer outra atividade que auxiliasse alguém, além do seu doce e simpático olhar.
Isto, aos 14 anos lhe valeu um convite do Sr. Francisco, dono de uma padaria, para que ela fosse entregar pães com uma grande cesta e ajudar no balcão por meio expediente, o
que garantiu para sua família o pão de cada dia e mais algum alimento. Á tarde, Lis continuava seus estudos, já quase finalizando o ensino primário.
Nesta idade, elajá era uma linda mocinha, como uma bela flor holandesa, cada dia mais comunicativa, alegre e simpática onde todo o bairro recebia dela os "bons dias, tardes, noites e o olá, como vai"?
Sr. Antônio e d. Dalva continuavam nos seus trabalhos e alguns dos filhos mais crescidinhos já estavam indo a escola,
oque para Lis, era mais uma tarefa, além de aprontá-los, fazia o dever de casa com eles, e ajudar na educação cotidiana.
O pai de Lis, tinha um irmão que morava no Rio de Janeiro e era empregado, juntamente com sua mulher, na casa de um diplomata brasileiro que exercia funções internas no Ministério das Relações Exteriores, na bela capital.
O casal diplomata, sem filhos, estava precisando de uma moça de confiança para ajudar no trabalho doméstico de sua residência, onde a governanta Francisca dava ordens e comandava o cerimonial diuturno e nas recepções do casal.
O tio de Lis, Sr. Almir, falou aos seus patrões da existência da jovem Lis e da educação de berço que tinha e dos seus antepassados. O casal interessou-se e através do consulado no Recife, o contato foi feito com o Sr. Antônio e com relutância, mas para a melhoria do futuro de Lis, ela embarca para o Rio de Janeiro em companhia do seu tio Almir.
Chegando ao Rio, na bela residência dos diplomatas no Jardim Botânico, Lis foi acomodada em um apartamento fora da residência principal, nos domínios da propriedade com todo conforto, recebendo uniformes, artigos de higiene e outros berloques embelezadores.
A governanta, providenciou sua matrícula, numa escola de renome, onde estudaria à noite.
Lis, trabalhava de manhã até ao final da tarde, fazia as compras para a manutenção da casa, buscava as quitandas sempre a dar os seus" bons dias" a todos, e em pouco tempo todos perguntavam-se quem é esta mocinha linda e tão simpática? No ginásio, em breve tempo, conquistou o apreço e simpatia dos mestres e colegas nunca deixando de agradar o mais simples funcionário da escola.
Com a ajuda da boa governanta, Lis foi recebendo a educação funcional no trato com seus patrões, convidados e outras pessoas que vinham à residência.
Os patrões a remuneravam com dois salários minimos por mês, que' ela incontinenti remetia vía postal aos seus país e irmãos para a manutenção de sua pobre casa, ficando apenas com alguns trocados para seus alfinetes, o mesmo fazia com suas gratificações, e outros ganhos salariais.
Com isto, Sr. Antônio, d. Dalva e seus irmãos, economizando, puderam alugar uma casa fora da palafita onde moravam, ficando mais perto dos seus jardins onde cuidava nas casas dos outros e d. Dalva para buscar e levar as roupas que lavava. A alimentação ficou mais robusta,

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